O
vácuo branco
Sem
estrelas, sem noite.
Apenas
um vazio alvo,
um
espaço pálido.
Tenho
pena desse não-ser,
desse
terreno de não-existo.
Quero
ali semear
e plantar
a tinta.
Ver
crescer história,
ver
crescer sentimento
no
grande quadrado alvo
repleto
de não-existir.
Criarei
arados curvos
no
terreno de vazio.
Cavá-los-ei
com minhas mãos,
o
farei até que elas escorreguem
gotejando
suor, e sangue
da
cor preta ou azul
como
tinta de caneta.
Haverão
hematomas no lado da mão,
grandes
nódoas de grafite.
Assim,
o terreno branco
já
não é mais vácuo.
Está
repleto de existir.
Está
repleto de mim,
do
meu ser.
Hectares
de pasto,
terrenos
povoados
de
bois, de ovelhas,
cavalos
e cabras.
Todos
são miséria
perto
de meu terreno de vazio
que
apesar de não ser
tem
todo o potencial
para
tudo ser.
No
meu pedacinho de terra,
meu
pequeno quadrado alvo,
semeio
o que quiser,
e
verei nascer de imediato
tudo
aquilo que plantar.
Ó
terreno de vazio!
Meu
quinhão de vácuo!
Tu
mais me atrai
que
qualquer outro ser,
seja
formoso, belo
que
posso vagar pelo mundo.
Quero
preencher-te de mim,
ó
folha mais alva,
quero
dar-te meu tudo
quero
usar-te, folha,
fazê-la
de espelho
onde
não verei minha face,
tampouco
meu corpo.
Verei
minhas ideias,
meu
pensamento,
minha
alma.
Tudo
no terreno vazio
que
agora transformei
em
terras de existir
onde
habita meu ser.
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